18 de jun. de 2025

Flores de ódio


Como rimar quando a noite não cessa,
E o céu derrama em silêncio o que resta?
Lágrimas rubras cortam o chão frio,
O inverno sangra seu próprio vazio,
Como fêmeas que renegam o cio!

A flor, que um dia sonhou primavera,
Adormece na terra que já nada espera.
E eu, mãos sujas de lama e tristeza,
Despojado de qualquer riqueza
Tento plantar beleza em sua dureza
Mas falta-me a sutileza.

As palavras congelam antes do papel,
A dor vira verso, o verso, um véu.
E o soldado de herói, vira réu!
E mesmo sem sol, escrevo por teimosia,
Versos que ferem, doem, mas pedem poesia.
Porque mesmo quando o mundo se parte,
Há quem plante flores só por arte.



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