3 de jul. de 2021

O comunista do Café Rian - IV

No final de ano a casa ficava cheia. Meus tios chegavam para o Natal e Ano Novo com malas, filhas e todo o tipo de novidades. Meu avô recebia todos na casa com muito orgulho e sem parcimônia. 

Pai de quatro filhos, o vô Gustavo fazia questão de reunir toda a família, pequena para àqueles tempos. Meu pai, o primogênito, servidor público do estado, tinha três filhos, eu e minhas doces e queridas irmãs. Leda, minha tia professora, não tivera filhos. Vilmar, o "Gordo", meu tio bonachão, exator da mesa de rendas, tinha duas filhas e, o mais novo dos quatro, Gustavinho, terceiro sargento do exército tinha apenas uma filha. 

Eu era o único neto homem de meu avô, aquele que teria que dar continuidade ao sobrenome da família, era um peso enorme sobre minhas costas e todos cobravam, menos ele, meu tio...

Amigo da Onça
Sentávamos à frente da casa para jogar conversa fora e ver os raros
carros e transeuntes que passavam naquela quadra formada por apenas seis casas e a oficina mecânica do Baixinho, um picareta com cara de "amigo da onça" cuja simpatia era discutida por todos... 

Entre uma baforada e outra, se discutia de tudo. Gustavinho matava no peito um Continental sem filtro, meu tio economista, mais sofisticado, curtia um Carlton ou um Charm, eram os únicos fumantes da família. 

O aroma do fumo me hipnotizava e era fácil tornar-se personagem nas estórias contadas...

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